quarta-feira, 3 de junho de 2009

Nanomateriais revelam incongruência entre os mundos macro e micro

Fonte: Redação do Site Inovação Tecnológica
Em mais uma descoberta que nos coloca frente à frente com as estranhezas do mundo na escala dos nanômetros, cientistas descobriram que a sílica, um mineral altamente quebradiço, torna-se tão dúctil quanto o ouro quando é cortada na forma de nanofios.

Incongruência
Os resultados, obtidos por físicos do Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia dos Estados Unidos, deverá ter grande impacto no projeto das futuras nanomáquinas e dos dispositivos microeletromecânicos e nanoeletromecânicos (MEMS e NEMS).
Esta incongruência entre os mundos macro e micro foi verificada tanto na sílica amorfa, quanto na sílica cristalina.

Ponto de fadiga
Em macroescala, o ponto de fadiga de um material, quando ele se rompe, depende de sua capacidade de manter seu formato quando submetido a uma força. Os átomos das substâncias dúcteis - aquelas que podem ser transformadas em fios - ajustam-se na estrutura atômica e mantêm a coesão por muito mais tempo do que acontece nas substâncias quebradiças.
Estas substâncias quebradiças possuem falhas estruturais, que funcionam como pontos de ruptura quando elas sofrem a ação de uma força externa.
Em nanoescala essas falhas estruturais não existem, o que torna os materiais - de qualquer tipo - quase "perfeitos" estruturalmente. E eles são tão pequenos qua a maioria dos átomos está na superfície do nanofio, sendo capazes de se rearranjar muito mais prontamente, mantendo a integridade do material.

Átomos mais "soltos"
Estar na superfície significa que os átomos não têm ligações com outros átomos de todos os lados, o que lhes dá maior mobilidade. É a predominância desses átomos de superfície que transforma o material quebradiço em dúctil.
"Os termos 'quebradiço' e 'dúctil' são terminologias do mundo macroscópico," explica o pesquisador Doo-In Kim. "Parece que eles não se aplicam em nanoescala."

Nanomateriais pdem causar danos ao meio ambiente

Fonte: Fonte: O Globo Digital por Carlos Alberto Teixeira
Nanotecnologia tem a ver com o controle da matéria na escala atômica ou molecular, lidando com minúsculas estruturas com tamanhos na ordem de um nanômetro, que equivale à milionésima parte do milímetro. Para ficar mais fácil visualizar a pequeninez dessa medida, se o globo terrestre tivesse um metro de diâmetro, uma bolinha de gude teria um nanômetro de diâmetro. Agora, imagine a complexidade tecnológica de desenvolver materiais e dispositivos em escala tão diminuta.
As aplicações da nanotecnologia incluem mecânica, eletrônica, cosméticos, medicamentos, alimentação, biologia, química, engenharia, robótica, física e por aí vai. Mas nem todos os nanomateriais são suspeitos de causar dano à saúde, muito embora alguns sejam sérios candidatos. O primeiro deles é um material cujo nome é quase um palavrão: buckminsterfulereno, apelidado de buckyball ou buckybola. É uma molécula de carbono com formato esférico, lembrando uma bola de futebol.
Pesquisas recentes patrocinadas pelo governo britânico revelaram que buckybolas podem ser nocivas à saúde por fomentarem a produção excessiva de gordura corporal. Outra nanoestrutura bem famosa são os nanotubos de carbono, que em alguns casos são associados ao risco de câncer no pulmão e de mesotelioma, um tipo de câncer usualmente causado por inalação de amianto.
Descobriu-se também que nanopartículas de prata usadas no tecido de meias para reduzir odores desagradávels (leia-se chulé) são eliminadas na lavagem. Como são bacteriostáticas, essas nanopartículas podem destruir bactérias benignas importantes que têm a função de degradar matéria orgânica em usinas de processamento de lixo.
Além disso, um estudo da Universidade de Rochester, nos EUA, descobriu que nanopartículas inaladas por ratos ficaram alojadas no cérebro e no pulmão, elevando os biomarcadores indicativos de inflamação e estresse.
Há também incertezas quanto ao impacto ambiental causado por essas nanoestruturas, o que vem motivando a realização de análises que infelizmente são muito mais lentas do que a velocidade com que surgem as inovações nesse ramo de pesquisa.
De acordo com um relatório da empresa Lux Research ( tinyurl.com/lux-research ), as grandes corporações têm sido os maiores propulsores da comercialização de produtos nanotech, já tendo despendido mundialmente entre US$ 6,6 bilhões e US$ 13,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento. Só este ano a média de gastos das empresas americanas deve chegar a US$ 33 milhões em pesquisa e desenvolvimento em nanotecnologia. A expectativa é que esse total aumente para US$ 39 milhões em 2010.
Poucas grandes corporações, no entanto, vêm tendo sucesso no setor, pois todos os concorrentes ainda estão meio que titubeando quanto às melhores estratégias e estruturas organizacionais a adotar para melhor desenvolver e explorar inovações nanotecnológicas. A pesquisa da Lux entrevistou executivos de 31 multinacionais em três setores da nanotech: manufatura/materiais, eletrônica/TI e saúde/biologia.
Com o surgimento cada vez mais rápido de novos nanomateriais, é possível surjam questões de risco que não poderão ser apreciadas simplesmente tratando-os como misturas de compostos químicos.
Na maioria dos países, a regulamentação ainda é vaga com relação ao uso de nanomateriais e procedimentos envolvendo nanotecnologia em laboratórios e locais de trabalho, e a questões de comercialização e uso de produtos químicos, produtos de consumo incorporando nanopartículas livres, produtos para uso na pele e nos cabelos, além de medicamentos e dispositivos médicos, entre outros materiais.
A criatividade dos cientistas nesse ramo parece não ter limite. Uma equipe de pesquisadores está desenvolvendo uma camisa-geradora, capaz de produzir eletricidade suficiente para alimentar pequenos dispositivos eletrônicos para esportistas, caminhantes e outros usuários cujo movimento físico corporal possa ser convertido em energia elétrica. O invento foi criado no Instituto de Tecnologia da Georgia, nos EUA.

Profissão: Professor - quem está preparado para exercer essa difícil função?

Fonte: Sérgio Choiti Yamazaki, Regiani Magalhães de Oliveira Yamazaki
Divulga-se hoje que Michael Faraday, um dos maiores pesquisadores da história da ciência, foi “nomeado” técnico de um importante laboratório inglês. O que não se divulga, entretanto, é que Faraday não tinha sequer Curso Superior. Sua devoção aos estudos vinha de uma motivação criada quando trabalhava como ajudante em uma loja que vendia livros. Conta-se que Faraday passou a devorar muitos deles nesse tempo, apaixonando-se por duas áreas das ciências: química e física. Em 1912, após assistir a uma palestra de um químico famoso, sir Humphry Davy, presidente da Royal Society entre 1820 e 1827, Faraday organizou anotações e as enviou posteriormente ao próprio Professor Davy. Este, por sua vez, o recomendou ao renomado laboratório da Royal Institution, que acabou recebendo Faraday em 1913. Suas contribuições à humanidade são encontradas até hoje nos livros atuais de Ciências.
Essa não é uma história isolada. Temos evidências de que muitos cientistas foram atraídos para as ciências devido a motivações causadas por ambientes favoráveis ao desenvolvimento de reflexões sobre a vida, valores sociais, ações políticas, paradigmas, estética das ciências etc.
Como ambiente favorável, entendemos qualquer motivação causada pelo que está a nossa volta, como, por exemplo, pessoas (professores, amigos, pais, parentes ...) e objetos (quadros, livros, jogos, salas devidamente decoradas ...).
Nesse sentido, extraordinários investigadores como Einstein, Freud, Darwin, Copérnico, Galileu, só para citar alguns, foram seduzidos impiedosamente ora por pais, ora por parentes, amigos ou professores, para uma eterna reflexão sobre um possível mundo inteligível. Eles ajudaram-nos a compreender melhor a natureza e suas especificidades, pois seus pensamentos formam, hoje, ao lado de muitos outros que contribuíram tanto quanto esses cientistas, artistas, músicos, a base da cultura contemporânea mundial.
Esse foi um dos resultados de um projeto de pesquisa desenvolvido na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, que tinha o objetivo de investigar a influência de um Complexo Científico (grosso modo, pode ser definido como ambiente favorável à criação de um motivo para estudos mais aprofundados) nos famosos cientistas que fizeram história.
Em particular, a maioria dos cientistas que fizeram parte de nosso estudo, foi motivada à aprendizagem por ex-professores, às vezes do Ensino Básico, às vezes da universidade.
Através desse olhar biográfico de pessoas que, guiados por forças criadas por motivações externas originadas na relação entre professor e aluno, legitimaram uma busca para dar uma lógica aos fenômenos do universo natural, e fizeram brilhantemente seus trabalhos, deixando-nos paradigmas e experiências exemplares, buscamos lamentar que hoje, depois de tantos projetos em ensino, não só no Brasil, mas no mundo, ainda há profissionais em exercício que acham que o trabalho que visa contemplar um ensino de qualidade movido por diferenciadas teorias pedagógicas, quando não tem seus objetivos completamente atingidos, fracassa devido à inviabilidade de aplicação das teorias, dos métodos, da incapacidade de aceitação do sistema, e o que é pior, dos alunos. Mas nunca um trabalho que precisa cada vez mais, num mundo fortemente capitalista e como nunca, influenciado pelas mídias, de profissionais capacitados, que estejam em permanente formação e que saibam aplicar as teorias, depois de muitos erros e acertos, idas e vindas, num processo contínuo de reformulação dos métodos.
Claro que há problemas sociais, políticos, econômicos, que influenciam diretamente a vida dos alunos. E é exatamente por isso que se faz necessário repensar as estratégias didáticas, os modelos pedagógicos, as novas propostas de ensino. Por exemplo, há trabalhos inspirados em analogias entre o trabalho do psicanalista e dos professores, que sugerem conquistar alunos, mostrando que na escola também há coisas interessantes, e que ela pode oferecer um futuro cheio de vitórias. Nesse sentido, é preciso sensibilizá-los através do compromisso que temos com eles.
Podemos já contar com um bom número de trabalhos, teses e dissertações que se usaram de teorias da personalidade para planejamentos didático-pedagógicos. Há inúmeras publicações em revistas nacionais e internacionais que relatam experiências promissoras de uso de sistemas inovadores na prática do professor, que deram aos aprendizes, suporte teórico e motivacional para prosseguimento em estudos mais avançados.
São nos cursos de Formação Continuada que esses resultados são divulgados. Há inclusive cursos que oferecem bolsas para professores em exercício, como acontece, por exemplo, em um Projeto coordenado pelos professores Alberto Villani e Jesuína Lopes de Almeida Pacca, na Universidade de São Paulo.
Através de eventos e congressos de extensão, como o Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (CBEU) – que aconteceu na UFSC, em 2006 – e o Seminário de Extensão Universitário da Região Centro-Oeste (SEREX-CO) – que aconteceu na UFMS, em Campo Grande, nesse ano, também são divulgados trabalhos de inovações tecnológicas, didáticas e pedagógicas; experiências de ensino que se mostraram potencialmente hábeis em provocar mudança no perfil cognitivo do aprendente.
A própria Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC- tem como objetivo divulgar a ciência, para mostrar que vale a pena investir no pesquisador; neste caso específico, no pesquisador em Ensino ou da Educação. O fato é que muitos educadores não sabem que há pesquisadores em Ensino. Acham que ensino é para sala de aula, e só. Que não há necessidade de um trabalho maior de contemplação das teorias, dos estudantes, do mundo; a sala de aula é parte desse todo.
Ensinar não é para todos, apenas porque resolveram se tornar professores. Ensinar é para quem desenvolveu no seu íntimo um compromisso com a arte de educar, com a arte de escapar de subjetivações sempre inerentes a esse processo, considerando-as na ótica de teorias aceitas pelas sociedades científicas ou em processo de análise (quando há revoluções científicas).
Como demonstrou Faraday, não é preciso de diploma para que seja um bom cientista. Na educação não pode ser diferente. O mais importante é a leitura atenta de referenciais teóricos que dão suporte ao trabalho como docente, em qualquer nível de ensino. Não podemos achar que nossas experiências cotidianas como ex-alunos, são suficientes para que sejamos bons professores. Precisamos conhecer nossos alunos, novas propostas de estratégias de ensino, novos paradigmas da educação, relatos de experiência de professores; precisamos participar de eventos, contribuir com novos resultados, trabalhar em conjunto. Precisamos, pois, ler, estudar ..., e sempre.
No entanto, acima de tudo, a relação entre professor e alunos deve ser sempre guiada por boa relação afetiva. Nenhum método pode dar certo quando inserido numa relação desgastada, sem boa afetividade. Um método pode ser potencialmente aplicável quando os indivíduos nele inseridos não possuem desgaste emocional com as relações entre as pessoas desse meio, pois caso contrário, poderá haver demasiado consumo de energia em processos subjetivos, pelos aprendizes, que poderia ser usada pela cognição.
Essa semana, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), no qual consta que o Brasil, em meio a cinqüenta e sete países, está entre os piores do mundo em educação. Este é o reflexo de falta de investimento sério, por parte dos vários governos que tivemos, no qual se inclui sem dúvida alguma, melhores salários. Nos países que se encontram nos primeiros lugares, professores têm salários dignos e são “milagrosamente” respeitados pela população.
Portanto, não são as teorias pedagógicas ou metodologias de ensino que não funcionam. É a falta de seriedade, aliada à falta de competência, de formação adequada, de formação continuada.
Claro que há muitos educadores sérios, compromissados, que fazem leitura corretamente contextualizada da educação no Brasil. Somos a resistência do descaso.
Afinal, quando algo não vai bem, trabalhamos para melhorá-lo e lutamos por mudança, ..., ou deixamos de fazer nossa parte?
Contudo, inspirados na leitura da pesquisadora e psicanalista, Leny Magalhães Mrech (através de artigos e livros), percebemos que há dois tipos de profissionais: aquele que “não sabe e tem raiva de quem sabe”, ou seja, aquele que desconhece o próprio conteúdo que deveria ensinar em meio a um processo pedagógico, e aquele que “sabe que não sabe”, ou seja, o professor que percebe que precisa estudar mais, ler mais, para mudar, sempre freqüentando cursos e atualizando seus conhecimentos, contemplando o que um exemplar professor da Sorbonne já dizia: “professor sempre tem que voltar à escola” (Bachelard). É interessante lembrar que, apesar de ser conhecido como professor da famosa Universidade de Paris, Bachelard foi professor no Ensino Básico por vinte anos.
A escola de Bachelard, para a qual o professor tem que voltar, é a escola da inovação. A ludicidade e o uso de recursos multimídia em sala de aula, por exemplo, são propostas que demonstraram, quando aplicados em sala de aula, os melhores resultados com relação à aprendizagem e certa mudança cognitiva nos alunos. Muitas outras sugestões foram nos últimos anos, principalmente nesta década, publicadas em anais de congressos, revistas especializadas ou divulgadas em cursos de extensão.
Portanto, para conhecê-las, é preciso, de fato, retornar à universidade, à sala de aula. Pois nosso maior instrumento de trabalho, é a reflexão, o pensamento, o uso de nossa capacidade de imaginar relações, de divagar, de devanear. A experiência, mesmo que muitas vezes amarga, deve ser fonte, e não ausência de possíveis interpretações pedagógicas.